O
Brasil vive tempos sombrios. Depois de três anos, voltamos a integrar o
mapa da fome da ONU (Organização das Nações Unidas). Mais de 14 milhões
de brasileiros estão desempregados, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Nunca foi tão difícil encontrar a
luz fim no túnel.
Mas,
nada é tão ruim que não possa piorar. Os ultrapassados construtores da
‘ponte para o futuro’, proposta pelo PMDB em execução no governo Temer,
se esmeram para aprofundar a crise e por consequência a desigualdade no
país.
Três
episódios recentes simbolizam bem este retrocesso: o aumento de
impostos sobre combustíveis, que penaliza a população, mormente os menos
favorecidos; a aprovação do novo Refis federal, que anistia de multas e
juros os grandes devedores do país e a compra desbragada de apoio ao
governo federal, na Câmara dos Deputados.
Com
a elevação dos impostos, o governo Temer espera arrecadar R$ 10,42
bilhões. O imposto sobre a gasolina aumentou R$ 0,41 por litro. Do
diesel subiu R$ 0,21 por litro. Aumento do PIS e Confins dos
combustíveis, que, por certo, terá efeito cascata. A frágil
justificativa do governo federal seria o rombo nas contas públicas.
Pois
bem, ocorre que dias antes do anúncio do aumento de impostos, os
engenheiros do atraso trataram de construir outro rombo. Uma comissão do
Senado aprovou proposta de anistia de juros e multas aos grandes
devedores da nação. Com as mudanças no programa para regularizar
dívidas, a arrecadação do governo federal cairia de R$ 13 bilhões para
R$ 500 milhões. Isto é, redução de R$ 12,5 bilhões em receitas. Além da
retração bilionária de arrecadação, um estímulo ao calote. Talvez por
isso, recente pesquisa mostrou que um quarto dos endividados em atraso
são de classe alta.
Que
dizer então da farra na liberação de emendas para deputados,
notadamente os apoiadores do governo, que rejeitaram o acolhimento da
denúncia contra o presidente Michel Temer, na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara. O governo federal liberou em junho R$ 134
milhões em emendas ao orçamento para 36 dos 40 deputados que votaram a
favor de Temer na CCJ, segundo a Associação Contas Abertas. E o pior
ainda está por vir na votação em plenário.
Somados
os recursos da anistia aos ricos devedores e das emendas, o valor que o
governo pretende arrecadar penalizando a população aumentando os
combustíveis ainda será insuficiente para cobrir o mais recente rombo. É
o povo uma vez mais sendo chamado a pagar a conta.
Tributar
as grandes fortunas? Nem em sonho. Do alto de sua impopularidade acima
de 90%, Temer afirmou que o aumento será entendido pela população. Por
certo, como parte da conta de uma construção arcaica, que implode o
presente e compromete o futuro do Brasil e dos brasileiros, exceto da
pretérita e carcomida política elitista e coronelista, que insiste em
assombrar o país. William Shakespeare advertiu: “A loucura dos grandes
precisa ser vigiada”.
Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Nova 1290 Timbira AM
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