terça-feira, 17 de abril de 2018

OPINIÃO | JORNALISMO AÉTICO


                          ROBSON PAZ
Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Nova 1290 Timbira AM. 

A divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas. Isto é o que preconiza o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros em seu Artigo 1º, Inciso I.
A prática de parte da mídia é o oposto. No Maranhão, há muito, a linha política de proprietários de vários meios de comunicação tem feito vítimas. Entre estas, gente íntegra e honrada, mas, sobretudo, a verdade e o jornalismo.
Temos, nos dias atuais, um moderno e midiático tribunal da inquisição que acusa, julga e condena com impressionante velocidade. A comunicação deixou de ser o quarto poder e parece reunir todos num só. Um escárnio!
Faço este prelúdio, para mencionar a aberração jornalística veiculada pela TV Mirante de São Luís, afiliada à Rede Globo, nesta segunda-feira, 16. A despeito de envolver o secretário Carlos Lula (Saúde) no suicídio do médico Mariano Silva Castro, acusado de envolvimento em suposto esquema de corrupção na saúde do Estado, a emissora repercutiu mentira plantada em blog e deu a esta ares de verdade.
A reportagem (des)informou que o secretário de Saúde teria pedido Habeas Corpus no mesmo dia em que o médico cometeu suicídio. Rápida consulta aos órgãos ou ao processo na Justiça Federal constataria tratar-se de informação inverídica.
Mas, a produção do telejornal optou por questionar a Secretaria de Estado da Comunicação Social e Assuntos Políticos (Secap) e a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Ambas responderam que a informação não procedia. O instrumento jurídico solicitado pelo secretário Carlos Lula é datado do ano passado. Época, da operação da Polícia Federal. Nada tendo a ver com o evento relatado na reportagem.
É sabido por todos, no meio jornalístico, que tal informação seria suficiente para derrubar a pauta. Não foi o que ocorreu. Não bastasse a divulgação da notícia falsa, a TV foi além e afirmou que a Secap e a SES não responderam até as sete horas da manhã. A farsa rapidamente foi desmascarada. E-mail publicizado pela Secap mostra que as informações foram, sim, enviadas e o recebimento confirmado pela produção da TV, na tarde do último domingo, 15.
É creditado às redes sociais a proliferação das fake news, as notícias falsas. Tavestidas de novidade, nada mais são que as mentiras há muito disseminadas por parte dos veículos de comunicação com o fito de auferir dividendos políticos.
A recente investida guarda muita semelhança com o Caso Reis Pacheco e outros mais recentes. Aquele, em 1994, versou sobre um suposto assassinato às vésperas das eleições para o governo do Estado. Prática utilizada pela mesma emissora de TV, que envolveu então o senador e candidato Cafeteira como mandante do falso crime. Pouco tempo depois, restou provado que a vítima estava viva. Tarde demais! O estrago já estava feito. Cafeteira perdeu a eleição.
É inaceitável que o jornalismo cometa suicídio para atender às pressões políticas de quem quer que seja. A ética deve prevalecer.
Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Nova 1290 Timbira AM.

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