O GOVERNO DO MARANHÃO AUTORIZOU, EM 28 DE JANEIRO, A CONSTRUÇÃO DE MÓDULOS ÍNTIMOS, E NÃO DE “MOTÉIS”, EM 11 UNIDADES PRISIONAIS DO ESTADO.
O Jornal Folha de São Paulo por meio da
Agência Lupa, primeira empresa especializada em fact-checking do
Brasil, atestou como falsas as informações dando conta que o governador do
Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), fechou um contrato “milionário” para a
construção de “motel para presos” no estado.
Por meio do projeto de verificação de
notícias, usuários do Facebook
solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de
verificação da Lupa:
A informação analisada pela Lupa é falsa. O governo do
Maranhão autorizou, em 28 de janeiro, a construção de módulos íntimos, e
não de “motéis”, em 11 unidades prisionais do estado. Esses espaços servem,
entre outras coisas, para que a população carcerária receba visitas conjugais,
mas também são usados para encontros dos presos com familiares e amigos. Essas
visitas são previstas na Lei de Execução Penal (artigo 41) e fazem
parte da lista de direitos do preso — ou seja, o governo estadual é obrigado a
construir esses espaços.
Diferentemente
do que sugere o post, a verba para construção desses módulos é
federal, proveniente do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). Não se
trata, portanto, de uma despesa do estado do Maranhão. Esse recurso foi aprovado
pelo governo federal em 2018, antes da pandemia do novo coronavírus, com o
objetivo de cumprir as diretrizes de engenharia e arquitetura do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. De acordo com essas
diretrizes, penitenciárias, colônias penais (agrícola, industrial ou
similar) e cadeias públicas são obrigadas (página 46) a oferecer esses
módulos aos presos. Esses locais devem ser isolados e não podem oferecer
contato dos visitantes com o resto da população prisional.
Em nota,
a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Maranhão
explicou que, no final de 2017, o Funpen liberou recursos para o Governo do
Maranhão, por meio da Seap, para que fossem feitas adequações necessárias nas
unidades prisionais do Estado. Em junho de 2018, diz o texto, iniciou-se o
processo administrativo para a execução de obras utilizando esses recursos,
incluindo a Portaria Unificada da Penitenciária Regional de São Luís; 19
galpões multiuso para o desenvolvimento de atividades de trabalho e educação
dos internos; e a construção dos módulos de encontro íntimo.
Ainda
segundo a Seap, a execução de obras com recursos federais está condicionada às
Diretrizes Básicas para a Arquitetura Penal do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, órgão subordinado ao Ministério da Justiça.
“Licitações que envolvam custos arcados com verba federal só podem ser
realizadas após aprovação técnica pelo órgão responsável pela liberação dos
valores. (…) Após diversas deliberações e readequações, a equipe de engenharia
do Departamento Penitenciário Federal (Depen), do Ministério da Justiça,
aprovou o projeto básico para a construção dos 22 módulos”.
Essa
aprovação aconteceu no ano passado, quando a licitação para execução
das obras foi aberta em agosto de 2020. A empresa vencedora do edital, a Etech
Construções Ltda, foi anunciada em dezembro do ano passado, com contrato
no valor de R$ 1.315.152,10 para a construção de 22 módulos com três salas
íntimas cada em 11 presídios diferentes no Maranhão. O contrato
foi assinado em 28 de janeiro e a empreiteira tem até dois meses para
finalizar as obras.
De acordo
com a Defensoria Pública do Estado do Maranhão, a construção desses
espaços atende a uma recomendação do Conselho Penitenciário do estado, que
constatou essa deficiência em algumas unidades prisionais. Em nota publicada na
última terça (9), o defensor público Bruno Dixon de Almeida Maciel e o promotor
de justiça e presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Maranhão, Pedro
Lino Silva Curvelo, escreveram que a expansão dos módulos de visita íntima é
uma “medida voltada à garantia de espaço adequado e seguro para a manutenção
dos vínculos afetivos das pessoas presas com os seus familiares”. Também
afirmaram que “o respeito aos direitos fundamentais dos presos e de seus
familiares é fundamental para o êxito do processo de ressocialização do
sentenciado, devolvendo-o como uma pessoa melhor para a sociedade.”
Atualmente,
a população carcerária do estado do Maranhão é de 12.368 pessoas. O estado
conta com 155 módulos para encontros afetivos e familiares.
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