domingo, 10 de fevereiro de 2019

APRENDIZAGEM QUE REPARA CAMINHOS

Por Felipe Camarão
Ao longo de quase três anos como secretário de Educação, tenho encontrado, em minhas andanças pelo Maranhão, histórias impressionantes de gente que, assim como o governador Flávio Dino e eu, acredita na educação como caminho para o desenvolvimento social, transformação de vidas e a correção de rumos fadados ao fracasso.
Nas últimas semanas, conheci um jovem que chamarei aqui de Mário – para preservar sua imagem – estudante de uma das 49 escolas em tempo integral criadas no primeiro mandato do governador. Cabe destacar que a unidade na qual está matriculado passa pelo ‘ano de sobrivência’, nomenclatura utilizada para o primeiro ano de implantação desse novo modelo de educação.
Mário é um garoto de tenra idade que experimentou a marginalidade, envolveu-se com o crime e não tinha qualquer perspectiva de futuro. Entretanto conseguiu abandonar essas mazelas ao encontrar, na escola, um novo caminho para a vida. Foi lá que ele vivenciou uma transformação profunda, que alterou sua consciência de mundo, expandindo-a a ponto de, no primeiro ano do Ensino Médio, já ter certeza da carreira que queria seguir, a de Químico.
Há um interessante conceito para denominar esse processo ocorrido com o jovem. Chama-se metanoia – uma mudança na forma de pensar. A palavra metanoia vem do grego metanoein, da união de metá, que significa “depois”; e νοῦς, cujo sinônimo é “pensamento” ou “intelecto”. Se fôssemos seguir ao pé da letra seria “mudar o próprio pensamento”.
Para nós, educadores, essa alteração no modo de pensar, de esperançar, passa essencialmente pela aprendizagem, que é o principal ato capaz de transformar o modo racional, intelectual, emocional e espiritual de um indivíduo.
É aqui que está nosso foco para a educação do Maranhão – investir na aprendizagem do estudante, de forma que adquira competências, habilidades, conhecimentos, valores e até modifique o comportamento, de forma que se torne protagonista da própria história.
Na caso da escola de Mário, de educação integral, valorizam-se os pontos fortes de cada estudante e trabalha-se para melhorar e apoiar seu desenvolvimento. Os professores conhecem as necessidades de cada um e as potencializa, com a formação de lideranças estudantis e as tutorias. “[…] eu falto e o gestor vai lá e liga. A gente vê que a escola se importa com os alunos. Vejo hoje que eu sou importante para a escola”, revelou Mário, durante uma visita que fiz à escola. Concluiu dizendo: “agora eu tenho um projeto de vida!”.
A política educacional a qual vivenciamos há quatro anos, diuturnamente, consiste em melhorar a vida das pessoas pela educação, colocando o estudante como centro de todas ações. O depoimento de Mário que, atualmente, é membro do conselho de líderes e jovem protagonista de sua escola, nos dá a certeza de que vale a pena levantar a bandeira da educação, para ver a mudança essencial de pensamento de jovens e seguir acreditando que é possível, sim, um novo modelo de escola que resgate a esperança de centenas de milhares de maranhenses que precisam de educação pública de qualidade, comprometida com a formação de cidadãos criativos e partícipes da sociedade em que vivem.
Felipe Costa Camarão é professor, secretário de Estado da Educação, membro da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

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